Sexo na gravidez... Mitos e verdades!
- Rafaela Peixoto
- 1 de out. de 2016
- 5 min de leitura

Durante os primeiros meses de gravidez, a situação mais frequente é a diminuição da frequência de relações e do desejo sexual, devido às múltiplas mudanças que a mulher sente nos primeiros 3 meses. No entanto, alguns casais revelam precisamente o contrário, isto é, um aumento de actividade sexual, pois a emoção e a alegria do momento que estão a viver propicia-lhes maior intimidade.
A partir do 4.º mês de gestação, alguns desconfortos da gravidez tendem a desaparecer, nomeadamente as náuseas e a fadiga, e a tendência é para um maior reequilíbrio hormonal. A mulher sente-se melhor fisicamente e com mais disposição para o sexo, que se torna especialmente agradável.
No terceiro trimestre, a ansiedade aumenta face à aproximação do dia do parto e continua a existir o medo de que uma relação sexual desencadeie contracções prematuras ou que a penetração magoe o bebé. Mas atenção: em nenhum momento o bebé corre perigo durante as relações sexuais, porque está longe dos órgãos genitais da mãe e muito bem protegido dentro da bolsa de líquido amniótico.
MITOS E VERDADES
Posso fazer sexo durante a gravidez?
VERDADE. Na realidade, se a tua gravidez correr bem e não tiveres nenhuma recomendação específica em relação a isso, podes ter relações sexuais até que a bolsa rebente. Se já sofreste abortos espontâneos ou se houve algum problema com a tua gestação, converse com a tua obstetra a respeito.
Existe a possibilidade de o sexo prejudicar o bebê?
MITO. Os músculos do útero, o tampão de muco que fecha o colo do útero e o saco amniótico estão lá exatamente para protegê-lo. O bebê pode ficar agitado, mas por conta da tua excitação, não porque há algo de errado. Se houver alguma recomendação específica por parte do teu médico, no entanto, segue-a.
A actividade sexual durante a gravidez fica diferente?
VERDADE. Pra algumas mulheres, as sensações podem ficar mais intensas, já que há maior fluxo sanguíneo na região da pelve, então a sensibilidade aumenta, pois os órgãos genitais ficam mais irrigados. No entanto, algumas mulheres acham essa sensação desconfortável ou sentem algumas cólicas durante ou depois da relação. Algumas mulheres reclamam que o apetite sexual diminui muito, o que também é perfeitamente normal — não deve ser muito apelativo estares com o teu parceiro quando se tem náuseas, vômitos e os seios doloridos ou hipersensíveis, não é? Geralmente a libido volta a subir no segundo trimestre, mas volta a diminuir no terceiro com a ansiedade por causa do parto que se aproxima ou por causa do tamanho da barriga.
A grávida tem orgasmos normalmente?
VERDADE. A mulher grávida pode ter orgasmos normalmente. Se isso não estiver ocorrendo, pode ter certeza de que há algum fator psicológico envolvido. Alguns casais optam por não ter relações sexuais com penetração, devido ao tamanho da barriga ou à proximidade com o parto, preferindo dedicar-se ao sexo oral ou à masturbação mútua, o que não causa nenhum problema.
Se ocorrer sangramento vaginal as relações sexuais devem ser evitadas?
VERDADE. Caso haja sangramento vaginal, devem ser suspensas as relações sexuais até que a causa do sangramento seja determinada e até o teu obstetra voltar a liberar-te.
É comum o desejo diminuir nesse período?
DEPENDE. De acordo com o ginecologista, isto pode ocorrer sim, assim como também pode ocorrer o inverso, aumentando a libido. O desejo sexual é multifatorial. Temos muitas vaiáveis como a mudança de postura da mulher, os medos, o excesso de trabalho, o stress e as alterações hormonais.Todos estes fatores unidos, ou mesmo separadamente, podem sim, influenciar no desejo sexual da gestante.
É verdade que após a relação sexual a gestante pode sentir contrações?
VERDADE. O útero é um órgão ativo, formado por musculatura lisa, e portanto pode se contrair regularmente, desde a primeira menstruação da adolescente até a menopausa. Ele é especialmente ativo durante a gravidez, podendo a gestante sentir contrações durante toda a gestação. Estas porém, não são contrações capazes de desencadear o trabalho de parto, e são chamadas de contrações de Braxton-Hicks. Porém, após a relação sexual, se o homem ejacular dentro da vagina da gestante, sendo o esperma rico em prostaglandina (uma substância que pode promover ainda mais as contrações uterinas), estas contrações poderão ficar um pouco mais fortes. Daí evitar ter relações em casos de ameaças de aborto ou trabalho de parto prematuro. Nesses casos o uso do preservativo durante as relações pode ajudar a amenizar as contrações uterinas.
O sexo pode induzir o parto?
VERDADE. Mas apenas em algumas situações especiais. Com o avançar da gestação, a penetração profunda de algumas posições sexuais pode sim estimular o colo uterino e induzir contrações que levam ao parto. Mas isso não é tão comum e pode ser evitado com posições que tem uma penetração mais superficial.
Algumas posições são mais recomendadas do que outras?
VERDADE. A posição clássica papai-e-mamãe se torna impossível à medida que a mulher se aproxima da data do parto e a barriga já está bem grande. Nessas horas é bom ser criativo e buscar novas posições que ofereçam um apoio mais confortável para a barriga, sem pressioná-la, e uma penetração menos profunda, como com o casal deitado de lado (de conchinha).
Há casos em que o sexo é contra-indicado?
VERDADE. Em alguns casos especiais, a relação sexual realmente vai ser uma contra-indicação médica. Isso ocorre se a mulher tem um histórico de abortos, sangramento ou perda de líquido amniótico, parceiros infectados com DSTs e não utiliza camisinhas ou caso a bolsa se tenha rompido antes do previsto. Mas verifica com o teu médico se a contra-indicação é em relação apenas à penetração ou ao orgasmo e em quais fases da gestação essa abstinência é recomendada — para não te privares da prática desnecessariamente.

O orgasmo da mulher pode induzir o parto?
MITO. O orgasmo pode até provocar algumas contrações uterinas breves, mas elas são inofensivas. Essas contrações podem ocorrer também por estimulação do mamilo ou devido à substâncias do sêmen, chamadas de prostaglandinas, que também são liberadas pelo corpo da mulher durante o orgasmo. O importante é ficar atenta a sinais de alerta como dor, contrações que não desapareçam após alguns minutos ou sangramentos. Nesses casos, procura ajuda médica.
A atração sexual do homem pela mulher diminui?
MITO. A maioria dos homens acha a mulher tão atraente quanto antes — ou até mais durante a gravidez. Mas a mudança da visão da esposa como a de uma parceira sexual para a de uma mãe pode atrapalhar um pouco em alguns casos. Além disso, a gravidez também afeta o homem, que pode sofrer ansiedade em relação ao parto e aos cuidados com bebê, tendo o seu desejo sexual reduzido. Por isso, a participação dele em todas as etapas é fundamental para que ele também possa tirar as suas dúvidase se sentir confiante e relaxado quanto ao sexo.
É importante lembrar que embora o sexo seja um aspecto muito importante, ele não é a única forma de intimidade entre um casal. Investir num bom tempo sozinhos, para jantares românticos ou idas ao cinema, ajudam a manter o casal conectado e próximo, o que é fundamental para a preparação para essa nova fase da vida.
A gravidez representa 9 meses de muitas mudanças tanto no corpo da mulher, quanto no psicológico do casal e no desejo sexual do homem e da mulher. Manter a comunicação aberta e ter criatividade para obter prazer com ou sem a penetração são fundamentais. E lembrem-se: a gravidez é apenas uma fase.
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